Empresário 2.0: A mescla de materiais (algodão, tafetá, seda, lycra (nas coleções de
verão e moda praia), até mesmo couro) tem sido observada como opções nas
composições de muitas grifes. Quais são os materiais mais trabalhados por você.
Vânia: Trabalhamos com tecidos tubulares, ou seja, em sua maioria malharia. O que
primamos em nossas criações é o conforto, a malha muitas vezes é trabalhado
apenas em peças básicas,e o que queremos é trabalhar peças criativas e sofisticadas,
lembrando até mesmo alfaiataria.
Empresário 2.0: Temos visto na última edição do SPFW o uso de estamparias
intensamente, algumas grifes como a Triton cobriram algumas peças de estamparias,
dos pés à cabeça. Quais tendências você vê para os próximos meses, em relação às
estampas: padronizações, grafismos, experimentações com volumes e formas 3D,
etc. E em relação às cores.
Vânia: Cobrir uma peça dos pés a cabeça não me chama tanta atenção, acho que isso
qualquer um já pensou ou pensaria
estampa serem utilizadas na substituição de alguns materiais, como fez Alexandre H.
no desfile da Rosa Chá, onde substituiu em algumas peças a renda, por estampas de
renda e o resultado foi impecável. Quanto às cores, vemos uma valorização de cores
mais vivas e “oitentistas", vejo que cada dia que passa as regras estão caindo. Eu
acho que cada estilista deve trabalha com as que refletem seu "estado criativo" em
dado momento, ou o tema que esta trabalhando. Um exemplo é como no verão 2010
vimos tons fechados como marrom na passarela e para o inverno tons pastel e
delicados em algumas criações.
Empresário 2.0: Qual sua opinião sobre as técnicas de impressão digital em tecido
em relação à estamparia pelos métodos tradicionais (silk, rolo, serigrafia, etc.).
Muitos estilistas optam por uma ou outra técnica por razões como preço final da
peça, volume de produção, velocidade ou qualidade. Como você vê essas duas
técnicas. Há preferência. É possível que uma tome espaço da outra.
Vânia: Sinceramente não tenho opinião formada sobre isso, acabo utilizando os
materiais que se adéquam melhor as peças que criamos. No momento há espaço
para todas as técnicas, mas acredito que aquelas que oferecerem uma agilidade
maior na produção, engolirão as técnicas que demandem mais tempo, desde que os
resultados sejam tão ou mais satisfatórios.
Empresário 2.0: Em sua produção você tem sentido falta de alguma coisa em relação
aos fornecedores. Tintas, materiais, opções e sugestões de novidades, etc, qual o
papel do fornecedor hoje na sua produção e como é a relação estilista/fornecedor.
Vânia: Relação com nossos fornecedores e parceiro é muito sadia, e no momento
estamos satisfeitos com o que recebemos de informações, seja de tendências ou
novidades.
Empresário 2.0: O foco em sustentabilidade e produções ambientalmente
responsáveis tem sido grande ultimamente. Existe alguma barreira técnica ou
cultural para uma produção efetivamente sustentável hoje no Brasil.
Vânia: Acho que a maior barreira é a cultural x custos. Hoje um tecido sustentável,
seja de fibra de PET ou Bambu, algodão orgânico, etc é bem mais caro do que os
tecidos comuns. Entendemos que para a fabricação destes produtos sustentáveis
demanda um custo maior do que aos outros tecidos, mas para os consumidores e até
mesmo algumas confecções isso ainda é difícil de entender. Já ouvi comentários do
tipo: “Como um tecido feito de garrafa pet que vai pro lixo é mais caro do que um de
algodão." As pessoas ainda não entendem os benefícios destes produtos.
Empresário 2.0: Fale-nos suas impressões sobre o mercado, possíveis críticas,
sugestões e impressões que tem tido em relação aos últimos anos no mercado têxtil.
Através da Therelli, por exemplo, o que tem ouvido do público consumidor final, que
é o destino de todas as atividades da cadeia produtiva têxtil.
Vânia: A Therelli, empresa para qual eu trabalho, criada por Teresa Lima (estilista e
modelista), possui 15 anos no mercado de confecção, e o que vemos é que este
mercado é para os fortes. Além de tudo que sabemos que é preciso para girar uma
empresa deste setor, para nós, mais do que estar antenados com tendências,
materiais, etc é ouvir o nosso público. E desta forma que nos comportamos, através
de redes sociais temos pleno contatos com ele, e tudo isto é levado e interfere no
processo de criação, e assim temos ótimos resultados com a aceitação de nossos
produtos.
Site da Therelli:
http://www.therelli.com.br
Fonte: www.serinews.com.br/
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